No Brasil é vantajoso ser familiar ou casado com político. Um dos vários órgãos que são alvo de cobiça de político e parentes é o Tribunal de Contas dos estados. Os cargos de conselheiro permitem exercer a função até os 75 anos, a remuneração já parte dos R$ 35 mil por mês e ainda há o foro por prerrogativa de função.
Atualmente, dos 232 conselheiros dos Tribunais de Contas dos estados, 30% são esposa, filho, irmão, sobrinho, primo, cunhado de governadores e ex-governadores. Foram indicados e eleitos pelas Assembleias Legislativas sem, claro, qualquer tipo de interesse e apenas obedecendo critérios técnicos.
O caso mais recente é o de Daniela Barbalho. Casada com o governador do Pará, Helder Barbalho, ela foi eleita na terça passada pela Assembleia Legislativa do Pará a nova conselheira do Tribunal de Contas do Estado. Alçou ao cargo sem qualquer influência do marido, claro. Junto com os demais conselheiros, Daniela será responsável por fiscalizar e julgar as contas prestadas anualmente pelo governo de Helder. Com toda a certeza, se houver problemas, ela vai votar pela rejeição das contas do marido.
Além de Daniela, esposas de aliados e de ministros do governo Lula conseguiram ou estão tentando conseguir a sinecura. Em dezembro passado, a beneficiada com o cargo no Tribunal de Contas de Alagoas foi Renata Calheiros, esposa de Renan Filho. Em janeiro, foi Rejane Dias, esposa do ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, eleita conselheira do Tribunal de Contas do Piauí. Em março, Marília Góes, esposa do ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, assumiu o cargo no Tribunal de Contas do Amapá. Também em março, Aline Peixoto, esposa do ministro da Casa Civil, Rui Costa, foi eleita pelos deputados estaduais baianos, em votação secreta, conselheira no Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia.
Lamentavelmente, para esse tipo de nepotismo, não há proibição legal. A única maneira de resolver o problema seria uma lei que tirasse a escolha das mãos dos políticos e que estabelecesse novo critério para escolha dos conselheiros. Sem isso, a festa em família vai continuar e nós obrigados a pagar a conta.
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